Antônio Francisco Lisboa nasceu em Vila Rica (hoje Ouro Preto), por volta de 1730, sendo filho de um arquiteto português (Manoel Francisco Lisboa) e de uma sua escrava (Isabel). Com saúde plena e sem problemas físicos até seus 47 anos de idade, era um mulato baixo e meio gordo, de forte personalidade e muito perseverante. Aprendeu a ler e a escrever, adquiriu noções de música e de latim, estudou desenho e praticou com todo empenho aspectos de arquitetura e escultura na oficina de seu pai e com mestres da época.
Só começou a sentir os efeitos limitadores de sua misteriosa doença no ano de 1777, quando os médicos de então supunham tratar-se de escorbuto, sífilis ou da propalada zamparina. Médicos que estudaram sua vida e as características de suas lesões hoje consideram tratar-se de tromboangeíte obliterante. Devido a esse mal, aos poucos foi perdendo seus membros superiores e inferiores. Com o tempo, por quase não poder andar, quando viajava para longe, usava um burro; quando ia para perto, ia nas costas de seu escravo Januário. Conseguia trabalhar com o auxílio de seus escravos, com os instrumentos amarrados às suas mãos quase sem dedos.
Mas mesmo com todas as dificuldades, seus méritos continuaram indisputados.
Certamente devido a um certo sentimentalismo lusitano que prevalecia no Brasil, começou a ser reconhecido como o
Aleijadinho e não como Mestre Antônio Francisco Lisboa, como seus contratos reconheciam.